quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

100... 99... 98... respirar fundo...


Há dias assim...
Por muito que façamos contagens decrescentes e muitas respirações profundas, o nosso intimo parece querer explodir de raiva. Pura RAIVA!!!!
Dá vontade de dar pontapés em tudo o que se atravessa no nosso caminho. Vontade de provocar brigas. Explodir sem ver com quem ou sem pensar em nada mais que não seja aliviar esta pressão que se forma dentro de nós.
Das piores coisas que me fazem é faltar ao combinado. Bem sei que, por vezes, surgem imprevistos... mas, quando se fala em algo com mais de dois meses de antecedência, os imprevistos parecem-me meio... previsiveis... ou talvez não... talvez seja só a minha raiva a falar...
De qualquer maneira, não consigo parar esta crescente raiva pela irresponsabilidade, egoismo, falta de respeito... e nem consigo pensar em palavras que me façam acalmar... ainda que, á medida que vou escrevendo, as coisas me pareçam mais pequenas e insignificantes...
É o poder que o desabafo tem... mas continuo a minha contagem decrescente... 97... 96... 95... respirar fundo...
A raiva parece estar a dar lugar a uma profunda desilusão... estava mesmo ansiosa por este sábado... ir espairecer as ideias... ser eu sem responsabilidades durante uma noite... uma mísera noite...
94... 93... 92... respirar fundo...
Pronto... contra factos não há argumentos... e o facto é que este sábado, que era suposto ser para aliviar o stress, vai ser um outro sábado igual a tantos outros que passaram e que irão passar... igual aos demais dias da minha vida... E, quanto mais rápido aceitar este facto, mais rápido a raiva me passa... Afinal, a seguir á tempestade vem a bonança... quanto mais não seja, em forma de um arco-iris reflectido numa poça de água de um qualquer buraco...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

MULHER...


...que bom voltar a desenhar...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A VERDADEIRA FONTE DO SABER


Ocasionalmente, surge-me um dia que me faz pensar em quem sou. Como cheguei a este todo que sou... De onde surgiu esta calma que me rodeia como uma nuvem fofa de algodão doce?
Terei aprendido nos livros que li? Nos filmes que vi?
Não me parece... ainda que não os possa excluir totalmente.
Vivo há tão pouco tempo e, ainda assim, sinto que tenho mais de mil anos...
Sinto a calma de quem já nada tem para provar...
A calma de quem já não tem de agradar...
A calma de quem já não tem tempo de tanto tempo que tem...
Como fiquei assim?
Fui rebelde em adolescente. Ia mudar o mundo e acabar com todas as injustiças.
Senti vergonha... não... embaraço pelos pais de que tanto me orgulho agora - os meus heróis!
Sempre de resposta na ponta da lingua... mais rápida que o cérebro... sempre bem torta.
Era um autêntico animal selvagem...
A minha mãe dizia que eu arrastava o mundo comigo...
E agora... estou tão calma.
Evoluí...
Evoluiram-me!
Todas as pessoas que foram passando na minha vida...
As diferentes fases da minha vida...
Passei de filha a mãe...
Vejo agora tudo o que já vivi com os mesmos olhos de sempre e, no entanto, de forma tão diferente...
Deixei de me preocupar em criticar... porque já fui tão criticada.
Deixei de julgar... porque já fui tão julgada.
Houve alturas que deixei até de pensar... e apenas senti.
Sinto-me realizada... porque sou e/ou fui importante para alguém.
Marquei a vida de alguém como tantos marcaram a minha.
Descobri que o que realmente importa não é o fim do caminho... mas a paisagem, a companhia ao longo da viagem.
Descobri que é melhor ambicionar com um degrau de cada vez do que com o patamar da escada.
Descobri que sou feliz... não pelos outros, mas por mim. Pois a minha felicidade depende apenas de mim!
Descobri tudo isto... com as pessoas que cruzaram a minha vida.
Pessoas que me ensinaram que não vale a pena chorar pelo leite derramado...
Pessoas que me ensinaram que cada um tem a sua cruz para carregar e que ninguém, por muito que queira, pode ajudar...
Pessoas que me ensinaram o poder de um gesto em vez de mil palavras...
Pessoas que me ensinaram que não interessa quem fui... pois, quando alguém bate á porta, pergunta-se quem é...
Pessoas que sofreram muito...
Pessoas que nunca tiveram nada...
Nunca tive amigos ricos... não de dinheiro. Mas tive amigos ricos em saber, bondade, boa-vontade...
Pessoas que me ouviram quando mais precisei para que agora eu soubesse o quanto é bom ter alguém ali só para nos ouvir...
Pessoas que me ensinaram quando é tempo para ver as nuances da vida e quando é tempo de colocar o preto no branco...

Sinto-me calma... sem arrependimentos... completa... porque bebi na verdadeira fonte do saber: as pessoas que comigo caminharam em alguma parte do caminho que tem sido a minha vida... até com aquelas que me passaram rasteiras!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

CALMA...


Cheguei a mais uma montanha na estrada da minha vida...
Cá de cima a vista é... de cortar a respiração!
O caminho que já percorri é imenso...
Tento ver os caminhos daqueles que comigo se cruzaram... até onde irão... até onde os levarão...
Vejo que alguns mantêm-se paralelos ao meu... ainda que não se apercebam de quão alto estamos...
Tento ver um passo além de onde estou, mas não consigo...
Não sei se estou á beira de um abismo
Ou apenas de uma descida calma sem grandes contratempos...
Sinto que talvez esteja a chegar perto do meu apeadeiro de saída...
Ou será que apenas vamos parar para entrar mais passageiros?
Seja como for... estou calma...
Tão calma como nunca esperei estar...
Com a sensação de missão cumprida...
Estou em paz comigo e com o mundo...
Sem perguntas sem resposta...
Sem culpas... e sem remorsos...
Estou... bem... comigo!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

ERROS


Há alturas da nossa vida, que, na esperança de se agradar a todos, fazemos escolhas menos acertadas. Queremos dar um pouco de felicidade e acabamos por dar mágoa.
Sempre ouvi dizer que não se pode agradar a Gregos e a Troianos. Mas, com a mania que talvez seja mais esperta que os outros, pensei que conseguiria contornar a questão. Que ilusão estupida!! Foi mesmo uma miragem que me fez andar quilómetros no deserto em direcção oposta ao que eu queria...
Fiz algo tão... tão... nem palavras tenho para o descrever. Fui totalmente contra o que sempre acreditei. Sempre coloquei a amizade acima de tudo. Com sinceridade. Sem subterfugios. E traí!!
Traí algo que era puro, sem outro interesse que não fosse o bem que lhe queria... Uma das melhores amigas que alguma vez tive... Alguém a quem podia contar tudo sem ter medo de juízos ou represálias... Alguém que era eu mesma num outro corpo...
Assumi o meu erro... expliquei tudo na mais pura das verdades... não me desculpei, porque não tenho desculpa possivel... Mas o mal está feito. É uma mácula que não sairá jamais desta amizade que não sei se se manterá...
Mea culpa...
Eu sei que errar é humano... mas também sei que sempre tive consciência do que iria provocar se fosse descoberta.
Talvez tenha criado mais distância com uma amiga que, estando longe, esteve sempre ao meu lado.
Como é possivel eu ter sido assim tão ingénua ao ponto de acreditar que não iria magoar ninguém?!?!?
Perdão... não tenho perdão possivel. Não há perdão para a mentira...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

PODER SONHAR


Por um momento, nos teus braços, tive a sensação de ser feliz... Ser amada, protegida, mimada, cuidada. Por entre as palavras ditas, as sensações falaram mais alto. O meu sonho estava realizado. Tudo era verdade... Aquele sonho de menina era possivel. Tu existias... a outra metade da minha alma... o meu principe encantado. A felicidade estava ali, ao alcance de um abraço, de um beijo.
A forma como me olhavas parecia fundir-me em ti... Já não era só eu! E, no entanto, nunca me senti tão "eu" como naquele momento...
Fechei os olhos... senti-me em paz como nunca antes havia me sentido...
Seria isto o paraíso com que todos sonham? Para mim, não havia duvidas... A forma como nos damos um ao outro... A forma como encaixamos... A forma como nos completamos e nos anulamos realçando-nos ao mesmo tempo...
Ali, de olhos fechados, senti-me tão bem, tão feliz... como se voasse no mais lindo céu com os mais lindos pássaros chilreantes e as mais lindas borboletas coloridas de asas finas e suaves...
Abri os olhos... estava de volta. O meu sonho de menina já não era o meu mundo. Mas a sensação permaneceu. Sentia-me em paz comigo e com o mundo... Talvez por saber que poderia lá voltar... Ainda que tivesse implicito que teria de voltar á realidade, isso confortava-me...
Quem não quer poder sonhar o mais lindo sonho possivel?

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A VIAGEM DE TREM


Há uns tempos, um amigo meu enviou-me uma mensagem tão linda que decidi partilhá-la com mais amigos. Peço desculpa ao autor por usá-la, mas algo tão belo tem de ser compartilhado.

" A viagem de trem

Um dia desses, li um livro que comparava a vida a uma viagem de trem. Uma comparação extremamente interessante, quando bem interpretada.
Interessante, porque nossa vida é como uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques e de tristezas com os desembarques...
Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem, encontramos duas pessoas que acreditamos que farão connosco a viagem até ao fim: nossos pais. Não é verdade. Infelizmente, em alguma estação, eles desembarcam, deixando-nos orfãos de seus carinhos, protecção, amor e afecto.
Mas isso não impede que, durante a viagem, embarquem pessoas interessantes que virão a ser especiais para nós: nossos irmãos, amigos e amores.
Muitas pessoas tomam este trem a passeio. Outras fazem a viagem experimentando somente tristezas. E no trem há, também, outras que passam de vagão em vagão, prontas a ajudar quem precisa.
Muitas descem e deixam saudades eternas. Outros tantos viajam no trem de tal forma que, quando desocupam os seus assentos, ninguém sequer se apercebe.
Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso obriga a fazer essa viagem separados deles. Mas isso não impede de, com grande dificuldade, atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles. O dificl é aceitarmos que não podemos sentar a seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar.
Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques.
Sabemos que esse trem jamais volta.
Façamos essa viagem da melhor maneira possivel, tentando manter um bom relacionamento com todos, procurando em cada um o que tem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajecto poderão fraquejar, e, provavelmente precisaremos entender isso. Nós mesmos fraquejamos algumas vezes. E, certamente, alguém nos entenderá.
O grande mistério é que não sabemos em qual paragem desceremos.
E fico pensando: Quando eu descer desse trem sentirei saudades? Sim.
Deixar meus filhos viajando sózinhos será muito triste. Separar-me dos amigos que nele fiz, do amor da minha vida, será para mim doloroso.
Mas agarro-me á esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram. E o que me deixará feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que essa bagagem tenha crescido e se tornado valiosa.
Agora neste momento, o trem diminui a sua velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas. A minha expectativa aumenta á medida que o trem vai diminuindo a sua velocidade... Quem entrará? Quem sairá?
Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem, não só como representação da morte, mas, também, como o término de uma história, de algo que duas ou mais pessoas construiram e que, por um motivo infimo, deixaram desmoronar.
Fico feliz em perceber que certas pessoas como nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar. Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o melhor de "todos os passageiros".
Agradeço muito por você fazer parte da minha viagem, e por mais que nossos assentos não estejam lado a lado, com certeza, o vagão é o mesmo."

EU, CARANGUEJO


Por vezes sinto vontade de mostrar ao mundo quem sou... Mostrar-me completa para além do que se vê. Não é fácil. A minha "carapaça" já vive comigo há muitos anos. Talvez há demasiados...
Não acredito em previsões futuras, mas grande parte da minha maneira de ser é explicada pelo simbologismo do meu signo. Sou caranguejo...
Já sei que a primeira coisa que surge na mente é o facto de julgarem, erradamente, que os caranguejos andam para trás. A sua forma peculiar de andar, de lado, permite-lhes nunca voltarem as costas ao que já passou. O meu passado é uma constante na minha vida. Mantenho-o sempre em mente e tento aprender com o que já fiz. Não volto as costas á minha familia. Nem tão pouco aos meus amigos.
Quem lida comigo no dia-a-dia vê-me como uma mulher forte, dura, bruta. Alguém sempre pronta para brigar. Numa posição defensiva. E, por muito errado que isso seja, quanto mais gosto de uma pessoa, mais dura me torno. Talvez por saber que essa pessoa tem o poder de me magoar. Até a minha mãe me descreve como alguém que arrasta o mundo consigo para seguir o seu caminho.
Mas isto torna-se um ciclo (como tantos outros na minha vida). Quanto mais dura pareço, menos me acham necessitada de protecção e mais me procuram para protecção. Errado novamente. Ainda que proteja tudo o que é "meu", sinto sempre uma fome insaciavel de ser protegida. Ainda que pareça aventureira, só quero o que conheço para me sentir segura.
No fundo, sou uma criança crescida. Tenho a armadura de guerra vestida, pareço uma amazona, mas não passo de um ser calmo e frágil com medo de ser magoada.
Adapto-me ás situações e tento passar despercebida. Trabalho com homens, num meio duro, e confundo-me com eles. No meu trabalho, a minha parte feminina, desliga. É inconcebivel para os meus colegas que eu goste de tratar de flores ou fazer bordados. Que goste de pintar e escrever. Que goste de ler e chore de emoção com um filme ou um bom livro.
Adoro contos de fadas com um "Felizes para sempre" no fim da história. E acho, que bem lá no fundo, ainda acredito nesse amor eterno.
No fundo, procuro constantemente o meu equilibrio... e nem sempre sou bem-sucedida.
Quando me zango, sou um furacão. Arraso tudo por onde passo. Sem dó nem piedade. Mas não há tempestade que dure para sempre e, depois da tempestade, vem sempre a bonança.
Tenho mau génio... mas também sou fácil de levar e de enganar. Sou muito crédula... ou era. Tenho mudanças de humor frequentes sem ser bipolar.
Bem, sou eu. Caranguejo. A mudança de carapaça terminou. Cresci mais um pouco. Agora já está dura novamente...

sábado, 18 de setembro de 2010

PORQUÊ?


Hoje tirei um dia para mim... Bem, não foi bem para mim. Foi para os que, de alguma forma, estão ligados a mim. Deixei a azáfama do meu dia-a-dia, entre a casa, a familia e o trabalho, e fui ter com amigas. Uma pequena conversa de lavar a alma. Sim, lavar a alma. Porque, ás vezes, precisamos de a lavar. Saiem lágrimas e desabafos sem nexo. Saímos de nós por uma ou outra causa e elevamo-nos a um patamar onde já não contamos como ser. Somos amigos. Apoio. Carinho. Ombro amigo. Somos tudo sem sermos solução.
Tenho pena que a minha vida não me permita dar mais atenção a quem gosto.
Não sou santa nem o pretendo ser. Sou apenas eu. Dói-me ver a dor que atinge outras pessoas. Tenho pena de não poder dar o apoio que numa outra altura da minha vida pedi e não tive. É certo que sobrevivi... Tornei-me mais forte... Mas porquê? Porque tive eu de penar para chegar onde hoje estou? Ainda que não esteja muito longe do sitio de onde parti...
Tenho pena de não ter o elixir milagroso que curaria todo o tipo de dores. Desde as dores provocadas por maus tratos conjugais até ás dores da impossibilidade monetária de sair de uma situação que só causa mágoa e ressentimento. Desde as dores de um amor impossivel até ás provocadas por uma decisão que marca o fim de um sonho. Desde as dores de uma traição até á mágoa de nos sabermos incapazes de assumir que não podemos alterar nada.
E, perante tudo isto, surge-me um blog. Alguém que se afirma de extremos. Alguém que gosta das coisas simples. Alivia-me lê-lo. Alegra-me. E deixa-me a pensar: Porquê? Porque se complica o que é simples? Porque temos (e agora falo mesmo de mim!) de mostrar constantemente o nosso lado forte, ácido puro, anjo negro e diabólico quando no fundo somos puro açucar derretido em ponto lágrima?
Porquê? Porquê? Porquê?
Se o que todos queremos é apenas e simplesmente um vislumbre de uma felicidade outrora prometida?

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

DURA E NEGRA REALIDADE


Hoje dei-me conta que, a partir de certo ponto da nossa vida, as coisas tendem a desaparecer...
Quando somos crianças o futuro mostra-se-nos sorridente e luminoso...
A partir de uma certa idade parece que tudo dá uma volta de 180º... O futuro já não é tão brilhante... Torna-se um pouco escuro... Parecemos caminhar para um abismo... Parece... não... não parece... caminhamos mesmo para o fim!
Ser adulto não é fácil. É um sonho quando somos crianças. Mas um pesadelo quando já não somos. Além de responsabilidades, deveres, obrigações e tudo o resto, há algo que nos faz doer muito mais. Uma dor mais profunda que não tem cura. Espaços que vão ficando vazios. Sim. Ficam vazios. Porque ninguém substitui quem parte.
Vejo que, neste momento, lido muito mais com a morte que antes. Pessoas que conhecia que chegam ao fim da sua viagem. Pessoas chegadas aos meus amigos.
Não sei o que lhes dizer nestas alturas... Tudo soa vazio de significado. Fico a imaginar como será quando chegar á minha vez de enfrentar essa dor. Sei que vai ser algo que só eu poderei suportar. A cruz que só eu posso carregar. E, ainda que esteja rodeada de amigos e de quem goste de mim, vou-me sentir vazia e sem sentido.
Sei que tenho algo que nunca partirá... tudo o que me ensinaram... tudo o que vivi... todo um mundo de recordações.
Sei que se deve viver um dia de cada vez. Sei que não há nada que me prepare para esse dia. Sei que é a lei da vida. Sei também que já vi essa lei invertida. Sei que vi o vazio nos olhos de um pai ao enterrar o filho... Vi a impotência nos seus gestos... Sei que doeu-me ver...
Lembro-me, vezes sem conta, do mail que me enviaram a comparar a vida com uma viagem de comboio... E sei que não quero perder os meus companheiros de viagem, ainda que saiba que não depende do meu querer...
Sei que parece um pouco negro o que aqui escrevo... mas apenas estou a constatar a realidade.
Enquanto crescemos subimos uma montanha... até um pico de onde tudo parece estar aos nossos pés... até um pico de onde só se avista beleza. E depois de chegarmos a esse pico o que acontece? Só nos resta descer... levando apenas na memória a beleza dos momentos vividos...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

VAZIO


Todos temos dias em que nada nos apetece... nada nos parece apaziguar esta ansia que se sente dentro de nós. Parece-nos que algo há dentro de nós que não conseguimos explicar. Parece um vazio de emoções e de pensamentos, de sentidos e sentimentos. Sentimo-nos ocos, vazios... e, ao mesmo tempo, sentimos uma necessidade inexplicavel de chorar... um nó na garganta... um aperto no peito...
Hoje sinto-me assim...
Apetecia-me... nem sei o quê! Queria ser invisivel por uns momentos... para que o mundo me esquecesse e eu pudesse, no vazio da memória, descansar...
Apetecia-me bloquear os meus pensamentos e, inerte no tempo, ficar sem preocupações ou deveres...
Apetecia-me, enfim, descansar de corpo e alma... sem pensar no que quer que seja...
Sei que não posso... ou não devo... mas apetecia-me, por breves momentos, deixar de existir com a forma que tenho e ser apenas um espirito livre que viaja ao sabor do vento sobre campos verdejantes e mares de água cristalina onde se espelham as nuvens brancas que brincam no azul perfeito do céu...
Sinto-me pesada... presa... cansada... Sim, hoje sinto-me cansada de corpo e mente!
A unica coisa que me mantém de cabeça erguida é saber que amanhã é outro dia... e que a esperança de que seja um pouco melhor do que hoje ainda arde frágil e inconstante no meu mais profundo intimo...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O PODER DE UM ABRAÇO

Sempre fui um pouco "seca"... Ou pelo menos, é assim que me descrevem com muita frequência quem mais perto de mim está. Mas ultimamente, tenho visto que, quando as palavras faltam, há algo poderoso... algo que, não sendo pago, é muito valioso para quem recebe. Como todas as outras pessoas, também eu tenho problemas... Uns mais dificeis que outros. Uns com solução... outros que, na falta dela, já estão solucionados. Como tal, entendo com alguma facilidade o que os meus amigos, por vezes, me confidenciam... E, ao ouvir o que me dizem, penso para com os meus botões: Já lá estive... Já me aconteceu... Gostaria de não ter esta experiência de vida, mas foi ela que me abriu a minha mente e me deu poder de compreensão. Deu-me o poder de compreender que, a maior parte das vezes, quando alguém "chora" no nosso ombro, não está a pedir nada mais que isso: um ombro amigo. E que, na falta de palavras que realmente possam ajudar, um abraço é extremamente benvindo. Foi o que me aconteceu hoje... Alguém (que nem sequer me é muito próximo) desabafou no meu ombro. Compreendi e senti a dor dela. Já lá estive. E vou lá muitas vezes também. Não tinha palavras que pudessem de algum modo aliviar o penar dela. Mas tinha algo que podia oferecer... algo precioso. Abracei-a... E, por uns momentos, recebi o abraço dela também. Confortei-a e senti-me confortada também... Sendo uma coisa tão simples, um abraço é assim mesmo... Não se pode abraçar sózinho. E, no meio daquele circulo de amizade e carinho, protegemos e somos protegidos. Sentimos que tudo irá se resolver... que alguém está ali por nós. Por uns breves instantes, tudo é possivel... Fui criada para levar o mundo comigo... contra tudo e contra todos. Mas sei que não sou assim tão forte... ainda que o desejasse ser! No momento que abracei a minha amiga, senti-me pequenina mas poderosa por poder dizer: "Anda cá, miuda! Vais ver que tudo vai correr bem! Desabafa... eu estou aqui!". E a magia deste acto, destas palavras, funcionou também para mim. E as lágrimas dela foram também as minhas... e o apoio foi também o meu. Há uns anos, houve uma campanha chamada "Free Hugs". Deveriamos fazê-lo todos os dias. Abraçar... e ser abraçado! E sentir que tudo irá correr bem... E,pegando naquela frase do comercial e modificando-a ligeiramente, pergunto: Já abraçaste alguém hoje?

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

CONSELHO DE UM VELHO APAIXONADO




Quando encontrar alguém e esse alguém fizer
seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa
mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta: pode ser a pessoa que você está
esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo
for apaixonante, e os olhos se encherem
d'água neste momento, perceba:
existe algo mágico entre vocês.

Se o 1º e o último pensamento do seu dia
for essa pessoa, se a vontade de ficar
juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Algo do céu te mandou
um presente divino : O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um
ao outro por algum motivo e, em troca,
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos
e os gestos valerem mais que mil palavras,
entregue-se: vocês foram feitos um para o outro.

Se por algum motivo você estiver triste,
se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa
sofrer o seu sofrimento, chorar as suas
lágrimas e enxugá-las com ternura, que
coisa maravilhosa: você poderá contar
com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir
o cheiro da pessoa como
se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos,
chinelos de dedo e cabelos emaranhados...


Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra
envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção
que vai continuar sendo louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver
a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes
na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção
nesses sinais, deixam o amor passar,
sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!




Carlos Drummond de Andrade