segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A VIAGEM DE TREM


Há uns tempos, um amigo meu enviou-me uma mensagem tão linda que decidi partilhá-la com mais amigos. Peço desculpa ao autor por usá-la, mas algo tão belo tem de ser compartilhado.

" A viagem de trem

Um dia desses, li um livro que comparava a vida a uma viagem de trem. Uma comparação extremamente interessante, quando bem interpretada.
Interessante, porque nossa vida é como uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques e de tristezas com os desembarques...
Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem, encontramos duas pessoas que acreditamos que farão connosco a viagem até ao fim: nossos pais. Não é verdade. Infelizmente, em alguma estação, eles desembarcam, deixando-nos orfãos de seus carinhos, protecção, amor e afecto.
Mas isso não impede que, durante a viagem, embarquem pessoas interessantes que virão a ser especiais para nós: nossos irmãos, amigos e amores.
Muitas pessoas tomam este trem a passeio. Outras fazem a viagem experimentando somente tristezas. E no trem há, também, outras que passam de vagão em vagão, prontas a ajudar quem precisa.
Muitas descem e deixam saudades eternas. Outros tantos viajam no trem de tal forma que, quando desocupam os seus assentos, ninguém sequer se apercebe.
Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso obriga a fazer essa viagem separados deles. Mas isso não impede de, com grande dificuldade, atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles. O dificl é aceitarmos que não podemos sentar a seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar.
Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques.
Sabemos que esse trem jamais volta.
Façamos essa viagem da melhor maneira possivel, tentando manter um bom relacionamento com todos, procurando em cada um o que tem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajecto poderão fraquejar, e, provavelmente precisaremos entender isso. Nós mesmos fraquejamos algumas vezes. E, certamente, alguém nos entenderá.
O grande mistério é que não sabemos em qual paragem desceremos.
E fico pensando: Quando eu descer desse trem sentirei saudades? Sim.
Deixar meus filhos viajando sózinhos será muito triste. Separar-me dos amigos que nele fiz, do amor da minha vida, será para mim doloroso.
Mas agarro-me á esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram. E o que me deixará feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que essa bagagem tenha crescido e se tornado valiosa.
Agora neste momento, o trem diminui a sua velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas. A minha expectativa aumenta á medida que o trem vai diminuindo a sua velocidade... Quem entrará? Quem sairá?
Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem, não só como representação da morte, mas, também, como o término de uma história, de algo que duas ou mais pessoas construiram e que, por um motivo infimo, deixaram desmoronar.
Fico feliz em perceber que certas pessoas como nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar. Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o melhor de "todos os passageiros".
Agradeço muito por você fazer parte da minha viagem, e por mais que nossos assentos não estejam lado a lado, com certeza, o vagão é o mesmo."

EU, CARANGUEJO


Por vezes sinto vontade de mostrar ao mundo quem sou... Mostrar-me completa para além do que se vê. Não é fácil. A minha "carapaça" já vive comigo há muitos anos. Talvez há demasiados...
Não acredito em previsões futuras, mas grande parte da minha maneira de ser é explicada pelo simbologismo do meu signo. Sou caranguejo...
Já sei que a primeira coisa que surge na mente é o facto de julgarem, erradamente, que os caranguejos andam para trás. A sua forma peculiar de andar, de lado, permite-lhes nunca voltarem as costas ao que já passou. O meu passado é uma constante na minha vida. Mantenho-o sempre em mente e tento aprender com o que já fiz. Não volto as costas á minha familia. Nem tão pouco aos meus amigos.
Quem lida comigo no dia-a-dia vê-me como uma mulher forte, dura, bruta. Alguém sempre pronta para brigar. Numa posição defensiva. E, por muito errado que isso seja, quanto mais gosto de uma pessoa, mais dura me torno. Talvez por saber que essa pessoa tem o poder de me magoar. Até a minha mãe me descreve como alguém que arrasta o mundo consigo para seguir o seu caminho.
Mas isto torna-se um ciclo (como tantos outros na minha vida). Quanto mais dura pareço, menos me acham necessitada de protecção e mais me procuram para protecção. Errado novamente. Ainda que proteja tudo o que é "meu", sinto sempre uma fome insaciavel de ser protegida. Ainda que pareça aventureira, só quero o que conheço para me sentir segura.
No fundo, sou uma criança crescida. Tenho a armadura de guerra vestida, pareço uma amazona, mas não passo de um ser calmo e frágil com medo de ser magoada.
Adapto-me ás situações e tento passar despercebida. Trabalho com homens, num meio duro, e confundo-me com eles. No meu trabalho, a minha parte feminina, desliga. É inconcebivel para os meus colegas que eu goste de tratar de flores ou fazer bordados. Que goste de pintar e escrever. Que goste de ler e chore de emoção com um filme ou um bom livro.
Adoro contos de fadas com um "Felizes para sempre" no fim da história. E acho, que bem lá no fundo, ainda acredito nesse amor eterno.
No fundo, procuro constantemente o meu equilibrio... e nem sempre sou bem-sucedida.
Quando me zango, sou um furacão. Arraso tudo por onde passo. Sem dó nem piedade. Mas não há tempestade que dure para sempre e, depois da tempestade, vem sempre a bonança.
Tenho mau génio... mas também sou fácil de levar e de enganar. Sou muito crédula... ou era. Tenho mudanças de humor frequentes sem ser bipolar.
Bem, sou eu. Caranguejo. A mudança de carapaça terminou. Cresci mais um pouco. Agora já está dura novamente...

sábado, 18 de setembro de 2010

PORQUÊ?


Hoje tirei um dia para mim... Bem, não foi bem para mim. Foi para os que, de alguma forma, estão ligados a mim. Deixei a azáfama do meu dia-a-dia, entre a casa, a familia e o trabalho, e fui ter com amigas. Uma pequena conversa de lavar a alma. Sim, lavar a alma. Porque, ás vezes, precisamos de a lavar. Saiem lágrimas e desabafos sem nexo. Saímos de nós por uma ou outra causa e elevamo-nos a um patamar onde já não contamos como ser. Somos amigos. Apoio. Carinho. Ombro amigo. Somos tudo sem sermos solução.
Tenho pena que a minha vida não me permita dar mais atenção a quem gosto.
Não sou santa nem o pretendo ser. Sou apenas eu. Dói-me ver a dor que atinge outras pessoas. Tenho pena de não poder dar o apoio que numa outra altura da minha vida pedi e não tive. É certo que sobrevivi... Tornei-me mais forte... Mas porquê? Porque tive eu de penar para chegar onde hoje estou? Ainda que não esteja muito longe do sitio de onde parti...
Tenho pena de não ter o elixir milagroso que curaria todo o tipo de dores. Desde as dores provocadas por maus tratos conjugais até ás dores da impossibilidade monetária de sair de uma situação que só causa mágoa e ressentimento. Desde as dores de um amor impossivel até ás provocadas por uma decisão que marca o fim de um sonho. Desde as dores de uma traição até á mágoa de nos sabermos incapazes de assumir que não podemos alterar nada.
E, perante tudo isto, surge-me um blog. Alguém que se afirma de extremos. Alguém que gosta das coisas simples. Alivia-me lê-lo. Alegra-me. E deixa-me a pensar: Porquê? Porque se complica o que é simples? Porque temos (e agora falo mesmo de mim!) de mostrar constantemente o nosso lado forte, ácido puro, anjo negro e diabólico quando no fundo somos puro açucar derretido em ponto lágrima?
Porquê? Porquê? Porquê?
Se o que todos queremos é apenas e simplesmente um vislumbre de uma felicidade outrora prometida?