sexta-feira, 22 de julho de 2011

MEIA-NOITE

Meia-noite!
O mundo sossega e parece desprovido de vida...
O vento agita e brinca com as folhas das árvores
No sossego da minha sala, oiço-o lá fora...
Ao longe, o comboio apita ao passar a estação...
Réstias do movimento azáfamo do dia...
Na cozinha, o som do frigorifico faz-se ouvir...
E eu penso que deveria de dormir...
Já é tempo de o fazer...
Mas mantenho-me aqui acordada...
Mais um vislumbre ao visor do telemovel
Pode ser que haja uma mensagem tua
Algo que confirme que,
Tal como eu,
Também estás acordado
E a pensar em mim...
Bem sei... Não é fácil...
Mas isso não me impede de olhar, pois não?
Uma imagem cresce no meu pensamento:
O teu corpo nú!
A curva do teu maxilar...
Ai essa curva!!!!!
Como eu adoro repousar os meus lábios nela!!!!
Os teus traços masculos...
Os ombros direitos perfeitos...
Os musculos bem definidos
Fazem-me lembrar rochedos...
Como eu gostaria de ser um regato de água fresca
E escorregar por essas linhas que transpiram homem
Criando contigo uma paisagem paradisíaca...
Uma cascata de prazer...
Revejo-me a passar as mãos nos teus braços
Tão fortes e tão doces, meigos, carinhosos...
Sinto que te arrepias com o meu toque...
O equilibrio de tudo que trazes contigo completa-me
E procuro-o vezes sem conta
Nessas mãos enormes, rudes, poderosas,
Que me deliciam com caricias,
Incapazes de me magoar,
A que confio o meu corpo...
Pareces ter medo de me tocar...
De danificar a seda de que, como tu dizes,
É feita a minha pele...
Pois... é á meia-noite
Que as duas metades de mim se juntam
E eu posso reviver momentos...
Sorrir livremente...
Momentos marcantes!
Como quando te provoquei tanto, mas tanto,
Que pensei que tivesses perdido o controlo,
Tal não foi a forma como avançaste para mim!
Como quando te sentiste tão nervoso
Que mais parecia estares perdido... do que achado!
Como quando tocou aquela musica especial,
No momento em que estávamos quietos,
Em silêncio,
Apenas com os meus lábios a roçarem no teu ombro...
Como quando dormiste a meu lado,
E acordaste-me com beijos e desejo!
Como quando confiaste a lâmina e o teu pescoço
E eu deixei-te macio!
Mas sabes, não me canso de uma coisa...
Apesar do prazer enorme que sinto contigo,
Continua a fascinar-me a forma como brilhas,
Como te iluminas quando estamos juntos...
E, ainda que tenha os pés bem firmes no chão,
O meu espirito vagueia...
E volta á realidade do que somos:
Apenas imaginação...
No telemovel... nenhuma mensagem por ler...

PORQUE...


Sinto, de vez em quando, esta necessidade urgente e inadiavel de escrever. Amainou quando comecei a partilhar segredos meus na esperança de que as minhas experiências pudessem, de alguma forma, ajudar quem, por força do destino, se encontrasse em situação semelhante á minha...
Tive muitos confidentes... Não me arrependo deles!
A cada um deles mostrei algo de mim que não conheciam. Passei, assim, algum tempo sem escrever... Afastei-me destes amigos de tão longos anos: a folha de papel branca imaculada e a caneta por onde expio os meus pecados... os meus pensamentos mais tenebrosos, negros, macabros...
Mas o bom filho á casa do pai retorna! Aprendi que não tenho amigos como estes...
Ainda que não me abracem quando preciso de conforto...
Ainda que não me telefonem a perguntar como estou...
Ainda que... não tenham vida longe da mão por onde os meus pensamentos fluêm desaguando nesta folha de papel branca imaculada...
Porque escrevo?
Não sei...
Talvez me sinta incompreendida... julgada...perdida... só...
Não sei mesmo!
Sei que nas palavras que para trás ficam, fica também um pouco de mim... um pouco da minha tristeza... da minha desilusão... do meu imaginário (ou real?) sofrimento...
Sei que nas palavras que escrevo imortalizo momentos... que serão lidos ou não, mas que são escritos por esta mão que teima em macular esta folha de papel branca...
Escrevo!
Porque a escrever posso dizer tudo o que a minha mente pensa e sonha... real ou fantasia... com ou sem razão... mas que, para mim, são verdades absolutas e irrefutáveis!
Escrevo!
E, á medida que a caneta avança na folha virgem de pensamentos, a minha mente alivia e relaxa. Como se tratasse de uma forma de meditação que deixa marcas...
E, o que começa por ser urgente e inadiavel, termina por ser calmante e apaziguador...