sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

MEDOS...



Todos nós temos formas diferentes de lidar com as diferentes formas de agruras exteriores. Com um aumento de roupa  para o frio ou a diminuição desta para o calor... Assim lidamos com os diferentes estados climatéricos, por exemplo.
Mas não há casaco ou uma outra qualquer peça de roupa que nos proteja da Vida. Cada um procura a forma que mais lhe apraz. Uns isolam-se como que a acreditar que ficando em casa não se molham com a chuva. Talvez um dia descubram como é bom sentir as gotas de água escorrerem pela pele... Outros envolvem-se em estudos e leituras. Vivem num mundo passado ou numa fantasia de uma outra mente que, talvez, tivesse a escrita como forma de se proteger.
Ainda que, como qualquer outra pessoa, goste de me achar especial, não o sou! Sou igual a todos esses que tentam se proteger. A minha carapaça é o riso, o bom humor, a capacidade de procurar situações jocosas em tudo de mal que me acontece ou que julgo estar para acontecer.
É uma carapaça tão antiga que já não sou eu sem ela! Como um caracol sem casca...
Uso-a no dia-a-dia e na "noite-a-noite" (se tal existisse!) e funciona tão bem para os outros como para mim!
Ensinaram-me que medo é uma palavra a riscar. Tudo o que nos assusta deve de ser enfrentado de cabeça erguida. Até nisso a minha carapaça resulta! Como se fosse um filme de Harry Potter em que, ridicularizando o que nos assusta, nos permita assim enfrentá-lo. Algo como "dourar a pilula" para que seja mais agradável a sua toma.
E vou brincando e ridicularizando... até chegar o momento da verdade! O momento em que retiro a carapaça e me permito ver o que realmente me assusta como realmente é. Sem máscaras nem magias...
Admito o medo!
Reconheço-o!
Mas não o mostro! 
A carapaça caiu apenas para mim. 
Recuso-me a me mostrar assustada, preocupada e incerta no futuro.
Recuso-me a mostrar a fragilidade que se expõe quando a cortina do humor se recolhe.
Recuso-me a preocupar quem comigo já se preocupa ainda que saiba que, para esses, a minha carapaça é tão transparente quanto cristal.
Mas que hei-de fazer?
Sou assim.
Um ser com carapaça... para os outros... e, ás vezes, para mim!