quinta-feira, 16 de julho de 2009

Voltar a sonhar...



Nessa altura da minha vida,
Em que a realidade mais parecia uma âncora
Que me prendia com uma corrente firme
Neste lodo que me engolia,
Parecia ter perdido algo em mim...
Parecia não mais ver as estrelas brilhantes
No céu da minha imaginação...
Parecia ter perdido a capacidade de sonhar
Com esse mundo que me completa...
Parecia ter perdido as asas da fantasia
Que me fazem voar por esse mundo
Onde poucos vão
Onde poucos entram
Onde poucos vivem
Onde muitos são felizes...
Mas, como uma luz ao fim do tunel,
Como um farol num dia de nevoeiro,
Como um porto de abrigo numa tempestade,
Surgiste...
Tu que não és mais que o produto
Daquele mundo secreto
Tão cheio de sensações
Tão cheio de sentidos e sentimentos!
Chegaste de mansinho.
Eras apenas uma leve brisa
Que, ao entrar pela janela do meu mundo,
Apenas balançaste suavemente
A cortina que o protege
Dos olhares indiscretos de outras pessoas...
Chegaste silencioso
Com a calma da certeza
Com a certeza da vontade
Com a vontade de ficar...
E ficaste!
Aos poucos mostraste as tuas cores
Numa explosão pirotécnica
De musica e movimento
Que me deixou boquiaberta
num infinito grito de espanto e admiração.
Como uma flor
Que desabrocha de uma planta comum
Para mostrar ao mundo
Não só a perfeição das suas pétalas,
Mas também o seu perfume inebriante,
Que aspiro e me faz voar
Sem sequer ter cortado a corrente
Dessa âncora infernal
Que me mantem presa
Numa realidade dura e escura...
Chegaste como um sonho,
Que me visita quando o mundo dorme
Quando o mundo me esquece
E que me faz esquecer o mundo.
E sais de mansinho
Ao amanhecer da obrigação e do dever,
Deixando-me deitada, exausta,
De olhos fechados,
Com os lábios curvados num sorriso
De quem acabou de receber o mais doce beijo.

Sem comentários:

Enviar um comentário